Refrigeração por absorção
Os sistemas de
refrigeração por absorção de vapores são ciclos de refrigeração operados a
calor, onde um fluido secundário ou
absorvente na fase líquida é responsável por absorver o fluido primário ou
refrigerante, na forma de vapor.
Ciclos de
refrigeração
operados a calor são assim definidos, porque a energia responsável por
operar o ciclo é majoritariamente térmica.
Descoberta pelo escocês Nairn
em
1777, a
refrigeração por absorção tem por "pai" o francês Ferdinand Carré
(1824-1900), que em 1859 patenteou a primeira máquina de absorção de
funcionamento contínuo, usando o par amônia-água.
Água quente, vapor (baixa pressão e alta pressão) e gases de
combustão, são algumas das fontes de calor utilizadas para operar
equipamentos de absorção, cuja energia térmica pode ser obtida a partir
dos seguintes meios:
Ciclo básico de refrigeração por absorção
O ciclo básico de refrigeração por absorção opera com dois níveis de pressão, estabelecidos pelas temperaturas de evaporação

e condensação

,
respectivamente.
A Figura 1 mostra um esquema de um ciclo básico de
refrigeração por absorção e seus componentes principais. Pela figura se
pode observar que o ciclo contém dois circuitos, o circuito da solução e
o circuito de refrigerante. As setas indicam o sentido de escoamento do
refrigerante e da solução, e também o sentido do fluxo de calor
entrando ou saindo do ciclo.
No
gerador, calor de uma fonte a alta de temperatura é adicionado ao ciclo a uma taxa

, fazendo com que parte do refrigerante vaporize à temperatura de geração

, e se separe da solução.
Esse vapor de refrigerante segue para o
condensador, onde o calor de condensação é removido do ciclo, por meio de água ou ar, a uma taxa

, fazendo com que o refrigerante retorne para a fase líquida à temperatura de condensação

.
O refrigerante líquido, à alta pressão, passa por uma válvula de expansão -
VEX,
onde ocorre uma brusca queda de pressão associada com a evaporação de
uma pequena parcela do refrigerante.
Esse fenômeno, conhecido como
expansão, faz cair a temperatura do refrigerante, que segue então para o
evaporador.
No evaporador, o refrigerante líquido, a uma baixa pressão e a uma
baixa temperatura, retira calor do meio que se deseja resfriar a uma
taxa

, retornando novamente para a fase de vapor à temperatura de evaporação

.
No gerador, após a separação de parte do refrigerante, a solução remanescente torna-se uma
solução fraca ou pobre em refrigerante.
Essa solução pobre, a uma alta temperatura e a uma alta pressão, passa por uma válvula redutora de pressão -
VRP, tem sua pressão reduzida ao nível da pressão de evaporação e segue para o
absorvedor. No absorvedor, a solução absorve vapor de refrigerante oriundo do evaporador, tornando-se uma
solução forte ou rica
em refrigerante.
O processo de absorção é exotérmico, e para que esse
processo não sofra interrupção, o calor de absorção precisa ser removido
do ciclo a uma taxa

, de forma a manter constante a temperatura de absorção

.
Uma bomba de recirculação de solução -
BSC
é responsável por, simultaneamente, elevar a pressão e retornar a
solução rica para o gerador, garantindo assim a continuidade do ciclo.
Vale destacar que o condensador e gerador estão submetidos à uma mesma
pressão, pressão de alta do sistema, e por isso, em alguns equipamentos
comerciais, são abrigados em um mesmo vaso.
Da mesma forma, o evaporador
e o absorvedor estão submetidos à mesma pressão, pressão de baixa do
sistema, e eventualmente abrigados em um mesmo vaso.
Coeficiente de performance - COP
O coeficiente de performance - COP, também conhecido como
coeficiente de eficácia, caracteriza o desempenho de um ciclo de refrigeração, relacionando o efeito desejado -
refrigeração, com o que se paga por isso -
energia consumida.
No caso de um ciclo de refrigeração por absorção, o COP é definido como
a relação entre a taxa de refrigeração e a taxa de fornecimento de
potência no compressor.

Onde,

- Temperatura de entrada no compressor;

- Temperatura de entrada no evaporador

- Temperatura de saída do compressor.
Considera-se que a temperatura da solução no absorvedor é
aproximadamente igual à temperatura do refrigerante no condensador ou
temperatura de condensação

.
Classificação
Os
sistemas de refrigeração por absorção podem ser classificados segundo
os fluidos de trabalho empregados. São três as tecnologias
comercialmente consagradas:
Os sistemas de refrigeração por absorção, utilizando a solução binária
amônia-água,
passaram a ser empregados comercialmente, a partir de 1859, com o
intuito de produzir gêlo.
Nesses sistemas, a água faz o papel do fluido
secundário, ou seja, é responsável por absorver os vapores de amônia.
Por utilizarem amônia como refrigerante, cuja temperatura de
congelamento é de -77°C, tais sistemas são hoje normalmente empregados
no campo da refrigeração, em grandes instalações industriais, que
requeiram temperaturas inferiores a 0°C.
Contudo, o uso da solução
amônia-água se estendeu, a partir das décadas de 1960 e 1970, para
equipamentos de ar condicionado de pequeno a médio porte (10 a 90 kW),
com condensação a ar, no resfriamento e na calefação de instalações
residenciais e comerciais.
O sistema de refrigeração por absorção utilizando
amônia-água-hidrogênio, também conhecido como sistema por
difusão,
foi desenvolvido em 1920 pelos suecos
Baltazar von Platen e Carl
Munters. Tem como base o ciclo amônia-água, com a adição de hidrogênio
para equalizar a pressão em todo o sistema.
Empregado em refrigeradores
residenciais e veiculares, o ciclo não possui bomba de recirculação de
solução, fazendo com que esses equipamentos sejam extremamente
silenciosos.
A utilização da absorção com solução de
água-brometo de lítio,
se deu a partir de 1946 com a disseminação do uso do condicionamento do
ar para resfriamento e calefação de ambientes.
Nesse sistema, a água
desempenha o papel do refrigerante, enquanto uma solução de água-brometo
de lítio é o agente absorvente.
Por utilizar água como refrigerante,
cuja temperatura de congelamento é 0°C, sua utilização é restrita a
aplicações com alta temperatura de evaporação, ar condicionado por
exemplo.
Atualmente, instalações centrais de
ar condicionado em grandes edifícios, utilizam equipamentos de absorção, com condensação a água, fabricados nas capacidades de 352 a 5.275 kW.